quarta-feira, 29 de junho de 2011

Forum de Turma do 3.º ano, turma F


Ao longo do ano lectivo de 2010/2011, a PB foi responsável por um projecto de apoio ao curriculum, solicitada pela Prof. Ilda Realista, do 3.º ano turma F, da EB1 de Viana do Alentejo, edifício S. João: «Fórum de Turma: Filosofia com crianças».
Uma vez por semana, a Prof. Rosa deslocou-se à sala de aula e trabalhou com a turma, no sentido de desenvolver competências de leitura, de crítica, de reflexão.
O ponto de partida dos trabalhos foi a leitura voluntária de excertos de livros escolhidos e votados pela turma. A partir dessas leituras, fez-se um levantamento de temas que interessavam à turma. Depois, esses temas foram postos à discussão, a partir de perguntas que se iam realizando. Todas as crianças intervieram. Para realizarem a sua intervenção oral, era solicitado que anotassem o que pensavam. Verificou-se que o empenho nas respostas era significativo, registou-se uma evolução, no sentido da elaboração das respostas ter assumido uma maior reflexão, serem mais ponderadas e menos imediatas, com o decorrer das sessões. Foi interessante notar que se houve algumas hesitações, iniciais, na produção de respostas, cada vez mais se notou a vontade de participar oralmente e com maior cuidado na elaboração dos registos escritos pelas crianças, de acordo com as suas características próprias. Se houve situações em que duas crianças esquivaram-se a responder perante o grupo, verificou-se que estas situações foram ultrapassadas.
Trabalharam-se competências de trabalho no grande grupo, nomeadamente, o saber esperar pela sua vez, o saber escutar os outros, o respeito por ideias diferentes, a escolha da maioria, a recolha de votos, para apurar essas escolhas….
As competências da leitura e da escrita foram sempre trabalhadas, na medida em que, além da escrita das respostas às questões, as crianças foram solicitadas para escreverem outros textos, como poemas alusivos á floresta e eram solicitadas para a sua leitura. Muitas das leituras, temas, questões e actividades eram sugeridas pelas crianças.
 Alguns temas e questões  trabalhados:
O ambiente  e eu
--Conseguias viver sem água?
- - O que fazer para preservar o ambiente?
-- Qual a importância das florestas?


Eu e os outros
-- Quem sou eu?
- - Será que somos todos iguais?
-- - Carinhos e afectos são importantes?
-- Será que somos todos iguais?
 Felicidade
-- Já fui feliz na minha vida?
 - - É fácil ser feliz?
-- Como é que sabermos se somos felizes?
-- Como é que eu sei se sou feliz?
-- O dinheiro dá-nos felicidade?
-- Somos felizes todos juntos?


A Vida em Sociedade
-- Como é viver em sociedade?
-- Queremos viver sozinhos?
 -- Gostarias de viver completamente sozinho?
-- Viver em sociedade é bom?
-- Temos de respeitar os outros?

Algumas conclusões:
Levantada a questão de final do ano lectivo, “ o que é que eu aprendi nestas sessões?”, registaram-se algumas reflexões, em jeito de resposta:
-- Eu aprendi a desenvolver o meu pensamento. Aprendi também a respeitar  e a ouvir os outros. Aprendi como viver melhor e a ver as diferenças.
Sofia Garcia
-- A prendi a viver com a família e com os amigos.
Mariana Viegas
--Eu aprendi tanta  coisa que não me lembro de tudo, mas agora sei mais coisas do que sabia antes. E também acho que a professora também aprendeu coisas connosco.
Íris Carvalho
-- Eu aprendi a viver melhor. Aprendi que é importante ser feliz, também aprendi que é bom viver com os outros, aprendia a importância de ajudar e as demais funções das coisas.
Maria Silva
--Eu aprendi a viver em sociedade, a não criticar a raça das outras pessoas, que eu não gosto de viver sozinha, tal como pensam os meus colegas, e aprendi, a conviver mais com as pessoas.
Laura José
- Aprendi muita coisa com os meus colegas e comigo mesmo. E todas as respostas que eu dei vieram de erros que eu cometi ao longo da vida e alguns , até, vieram de amigos meus e também de memórias boas do passado, que me ajudaram a perceber as perguntas da prof. Rosa.
João Ferreira

-  Eu aprendi a fazer muitas coisas como a aprender na escola e ouvir os outros e tomar atenção ao que eles dizem.
Raquel Manita Fernandes

- Aprendi que viver em sociedade é bom, se respeitarmos os outros, eles também nos respeitam. A natureza também nos dá felicidade e temos de a proteger. A natureza é importante porque dá-nos oxigénio e dá-nos comida. E as tuas aulas são fixes.
Guido Lotterman
- Aprendi a falar sobre as coisas com estas conversas.
Joana Silva
- Aprendi que há coisas boas e coisas más, que se vivesse sozinho, não tinha ninguém para me ajudar para sobreviver. Não havia comida, que eu não tinha dinheiro para viver.”
Miguel Palhais
-Aprendi a respeitar as pessoas, aprendi que não conseguimos estar sozinhos neste mundo, aprendi que precisamos de amigos e gostei muito destas aulas com a professora Rosa.
Afonso Carvalho
- Eu aprendi muitas coisas, umas palavras, como “filosofia”, “fórum”…
Ricardo Conceição
- Nas tuas aulas aprendi que não somos os únicos a viver, temos de respeitar os outros, também aprendi que o dinheiro não é importante para tudo. Podemos fazer muitas coisas sem dinheiro, como apanhar laranjas das árvores. Podemos inventar uma coisa e provar que aquilo está bom.
Rafael Silva
- Eu aprendi nas aulas que temos de respeitar todas as pessoas e se a gente respeitar as outras pessoas, as outras pessoas também nos respeitam a nós e assim vivemos bem.
David Dias
- Temos de respeitar os outros , mais velhos para não haver discussões.
João Miguel Carvalho
-  Aprendi que o ambiente nos dá muita coisa, como, por exemplo, comida, bebida….
Cristiana Fadista
- Aprendi que é bom viver em sociedade, para sermos felizes.
Inês Lima
- Eu aprendi  a viver em sociedade.
Filipe Gaiato
- Aprendi que nós somos todos iguais, que não precisamos de ter dinheiro para comer, aprendi a conviver com os outros e a viver em sociedade.
Catarina Mochila
-- Aprendi que é muito importante viver com as outras pessoas, especialmente , com a família e com os amigos.
Ana Catarina Bento

Questão: Seriamos felizes se vivêssemos totalmente sós?

- Não, porque não teria  amigos, nem pessoas  para conviver, não poderia aprender nem emendar os meus erros, porque era tudo à minha maneira, nem teria ninguém para proteger  e ajudar. Não havia ninguém para proteger também a natureza e a tratar melhor dela.
João Ferreira

Questão: Somos todos iguais?
- Não, porque, por exemplo, pessoas que são gémeas são iguais por fora, mas têm sentimentos diferentes e também, mesmo que nós tenhamos as mesmas opiniões, deves, de vez em quando, ter opiniões diferentes: não podemos estar sempre de acordo sobre os mesmos assuntos. Mas seremos sempre pessoas!
João Ferreira
- No exterior, somos diferentes, mas no interior somos iguais. Para além de sermos diferentes, temos de tratar bem as outras pessoas.
Maria Silva

- Somos todos iguais, ninguém é mais do que o outro. Mas também não somos todos iguais, porque não temos as mesmas capacidades nem a mesma família.
Sofia Garcia
Porque é que somos iguais?
- Nós somos iguais porque temos coração, temos cérebro e temos o que está cá dentro igual.
Raquel Manita Fernandes
Questão: O dinheiro traz a felicidade?
- O dinheiro traz mais ou menos a felicidade: nós precisamos do dinheiro para comprar coisas, mas podíamos trocar coisas com as outras pessoas.
Maria Silva
- Às vezes sim, outras não, porque , por exemplo, se o nosso irmão se zangar com a gente, o dinheiro não serve para nada.
Sofia Garcia

Intervenções espontâneas:
“porque é que existe o mundo?
Podes ajudar-me na resposta? Eu acho que o mundo existe porque  ele apareceu. Está certo? O mundo apareceu? “
“Eu queria dizer porque é que as pessoas existem. As pessoas existem porque apareceram no mundo. E têm de cá estar no mundo, porque é uma terra bonita, há plantas, há tudo o que é preciso para viver.”
Raquel Fernandes
“Ao longo dos anos, temos de arranjar melhores formas para a natureza viver melhor, porque a natureza dá-nos oxigénio e precisamos dela para respirar, para vivermos.”
Joana Silva
“Ler é crescer”
Filipe Gaiato
“Muito obrigada pela «filosofia» que nos ensinaste.”
Íris Carvalho e Maria Silva
A prof. Rosa respondeu, para todas as crianças, que foi um prazer trabalhar com estes meninos e meninas. Teve pena de não poder ir também, a outras turmas, mas por limitações horárias não foi possível.
Gostou muito de saber como pensavam e de ter assistido ao crescimento destas meninas e meninos, que, a olhos vistos, mostraram ser pequenos/as pensadores/as, com o embrião da Filosofia a germinar no seu interior. Desejou-lhes as maiores felicidades e êxitos pessoais e escolares e agradeceu, do fundo do coração a colaboração de todos os meninos e de todas as meninas nas actividades. A Prof. Rosa também está muito agradecida à Prof. Ilda Realista, que possibilitou este trabalho e que colaborou sempre nas actividades.

O filme escolhido

O filme foi escolhido, adquirido e entregue na Biblioteca Escolar pelo grupo de alunos.
A sua escolha recaiu sobre "Stay", dirigido por Marc Foster, a partir de um argumento de David Benioff, protagonizado por Ewan Mcgregor, Naomi Watts e Ryan Gosling.

A biblioteca ficou mais rica com esta intervenção deste grupo de alunos do 8.º ano, que resolveu investir no entretenimento.
Para os alunos  Cláudio Espadaneira, David Pestana, Diogo Falcato, Luís Manzoupo, Pedro Pinheiro, Tiago Viegas um grande abraço de agradecimento. Votos para que continuem a ter muito sucesso na sua vida pessoal e escolar e que continuem a desenvolver projectos com o intuito de ajudarem a comunidade. 

segunda-feira, 20 de junho de 2011

“Feira da Solidariedade”Área Projecto - 8º Ano Turma A


A solidariedade deve ser um princípio educativo, um valor ético, de justiça social e de desenvolvimento de uma sociedade. Todos devemos ser solidários e amigos de todos aqueles que nos rodeiam.
No âmbito de Área de Projecto, os alunos do 8.º Ano da Turma A realizaram a “Feira da Solidariedade,” que decorreu no 3.º Período e consistiu na venda de ervas aromática biológicas, com o objectivo de angariar fundos que reverteram na compra de filmes para a Biblioteca da Escola.

Os alunos: Cláudio Espadaneira, David Pestana, Diogo Falcato, Luís Manzoupo, Pedro Pinheiro, Tiago Viegas.

Três poemas Inéditos da Prof. Arlinda Mártires

Impressões da Ilha Verde

       Há um pé de lúcia-lima
                                        em S. Miguel
                                        e um melro de bico amarelo
                                        tagarela e traquina.
                                        Há o Chico e a Paquita
                                        e a Carlota Joaquina.
                                        Há muros de pedra escura
                                        recortes de céu e mar,
                                        há galinhas e filhotes.
                                        Há uma família
       em S. Miguel:
                                        a Joana toca violoncelo
                                        a Chica é pianista
                                        o Manuel baterista e
                                        “tudo, de todas as maneiras”
                                        como o Pessoa.
                                        A Manuela e a Matilde
                                        ausentes sempre presentes.
                                        O filósofo, Pedro “papinhas”,
                                        há filhotes e galinhas;
                                        olhos de amora silvestre
                                        e risos de framboesa
                                        e muitos braços abertos
                                        hortênsias, amores-perfeitos
                                        lírios e rosas à mesa.
                                        Há um pé de lúcia-lima
                                        em S. Miguel.
                                        Há um longe azul
                                        de amaro e mel.
                                                                                Arlinda Mártires
                                

Saudades


                                                  Das manhãs tão soalheiras

                                                  Do orvalho nos quintais
                                                  Do cheiro a terra molhada
                                                  Dos meus gatos nos beirais,

                                                  Da nostalgia dos campos
                                                  Do ócio, paz e lazer
                                                  Da vida a correr tão mansa
                                                  Das searas a nascer

                                                  Da minha casa branquinha
                                                  Do crepitar da lareira
                                                  Da laracha da vizinha
                                                  Dos amigos e amigas

                                                  Do café do Sô Dadinha
                                                  Do jantar feito nas brasas
                                                  Das lãs da minha mãezinha
                                                  Dos serões passados juntas

                                                  Daquele jeito tão seu
                                                  Que saudades, Deus meu.
Arlinda Mártires







(Sem título)

Do Sol e da Lua
                                               da Água e do Ar
                                               da Terra e do Mar
                                               a importância é a tua.

                                               O ar que respiro
                                               A fonte onde bebo
                                               O sol, meu enlevo,
                                               A terra, meu silo,

                                               És tu, meu amor,
                                               meu Verão, meu campo d’oiro,
                                               de papoilas e chupa – mel;

                                               Meu canto de beija – flor,
                                               riso de água em bebedouro.
                                               Minha alegria de carrossel.

                                                                                   Arlinda Mártires


quarta-feira, 8 de junho de 2011

Entrevista a uma das nossas escritoras: Arlinda Mártires

Um grupo de alunos do CEF IOSI entrevistou a sua professora de Língua Portuguesa, que também é poeta e escritora, a Professora Arlinda Mártires, uma cidadã do mundo. Eis o que resultou desta entrevista:


                                                 Prof. Arlinda com os seus alunos em Timor Leste

"Arlinda Mártires Nunes é professora e escritora. Lecciona Língua Portuguesa na Escola Básica e Secundária Dr. Isidoro de Sousa. Fez formação de professores na Guiné-Bissau (93-98), na Namíbia, fronteira com o sul de Angola (2006-2008) e, entre 2008 e 2010, ensinou Português em Timor-Leste.
Tem 3 obras publicadas Além-Rio (poesia), Guynea (poesia) e 7 Histórias de Gatos (contos – em co-autoria com a prof. Dora Gago).

Grupo de Alunos: Como é que uma pessoa que nasce numa aldeia do Alentejo interior vem a trabalhar em diferentes continentes, em países subdesenvolvidos?
Professora: Nasci numa aldeia do Alentejo interior, muito pobre. Não havia electricidade, mas, muito cedo, comecei a ler, à luz do candeeiro a petróleo. Não podia ficar na aldeia por causa do gosto pela aventura; não queria ser uma mulher doméstica. Fui para África, quatro anos após terminar a licenciatura. Fui formadora de professores na África e na Ásia.
Grupo de Alunos: Porque escolheu trabalhar em países considerados de extrema pobreza?
Professora: Como nasci pobre, sempre tive essa vontade, esse gosto de defender os fracos, ajudar os pobres, os injustiçados e os indefesos. Sempre foi o meu motivo de vida. Aquilo que anima a minha vida é ajudar essas pessoas. Por um lado engrandece o meu conhecimento, a minha vida, e torna-me mais humilde perante os outros, perante o mundo. Aquilo que mais admiro nas pessoas é a humildade, a simplicidade. Aprendi muito com essa gente pobre, quer em África, quer na Ásia.
Grupo de Alunos: Tem 3 livros publicados. Essas experiências contribuíram para a sua escrita?
Professora: Sem dúvida. No entanto, sempre tive pendor para a escrita, principalmente para a poesia. Além-Rio é, tal como nome indica, sobre o Alentejo, a minha verdadeira pátria, a minha musa.

 Guynea é sobre a Guiné-Bissau, país onde vivi 5 anos muito intensos, de contacto directo com o povo, com muitas coisas boas e outras más, como foi o caso da Guerra civil, em 1998. O 3.º livro é de contos. São 7 histórias acerca de gatos, animal que adoro, e escrevi em parceria com a Prof. Dora Gago.

Grupo de Alunos: Agora está de volta ao Alentejo. Como se sente perante a situação de crise em que Portugal se encontra?
Professora: Estou muito desencantada com a decadência a que chegou Portugal. A crise, generalizada na Europa, é tanto maior no nosso pais por vários motivos: somos mais pobres, temos uma mentalidade terceiro mundista, somos um povo medroso, acomodado, ignorante e medíocre (salvo honrosas excepções). Deixamo-nos governar por gente sem escrúpulos, que favorece parentes e amigos, que enriquece alarvemente à custa dos mais pobres e desprotegidos, que incorre em crimes graves de corrupção, sem merecer qualquer castigo, porque a justiça não existe.
E o povinho aguenta e vai para as manifestações, supostamente para demonstrar repúdio e revolta pelos “vampiros”, com concertinas, garrafões de vinho e fanfarras. Bebem, comem, bailam e riem, mostrando as gengivas lisas, ou os dentes pobres (porque o Serviço Nacional de Saúde é uma “treta”). Somos uns fanfarrões e cada vez mais seremos achincalhados e privados dos nossos direitos, pois não combatemos o despotismo.
Certamente, voltarei a emigrar. Sozinha, nada posso contra o sistema. É tempo de uma revolução, de uma revolta popular.  

Estivemos á conversa com a professora Arlinda Mártires Nunes, uma cidadã do mundo, uma mulher que, tendo nascido no seio de uma família pobre, conseguiu vingar, com humildade e amor aos mais fracos, aos injustiçados, aos indefesos.
Sendo curiosa e aventureira, conciliou estas suas características, divulgando a língua portuguesa em Portugal e no mundo.  

João Carlos nº 4
                                        Luís Pisco nº 7
                                                     Miguel Quaresma, nº 10
CEF  IOSI
 
                                            Professora Arlinda, este ano lectivo, com um grupo de alunos/as do 9.º ano, no concurso "Saber Fazer - A Crise", no palco do Cine Teatro Vianense.

Leituras ao Luar

Dia 21 de Junho é dia de solstício de Verão, no Hemisfério Norte. É o dia mais longo do ano e dia da noite mais curta.
Vamos prolongar o serão, na Praça da República, em Viana do Alentejo, com uma sessão, ao luar de verão, de leituras. Como a lareira já não apetece, trocamos o aconchego da Biblioteca Municipal de Viana do Alentejo, pela noite na Praça central.
Como de costume, toda a comunidade está convidada para ler, ouvir ler, falar sobre letras escritas e outras menos visíveis. Quem quiser poderá contar contos e lendas que ainda não conhecem papel , nem computador.
Vamos colorir a noite com as palavras!
Até para o próximo ano lectivo e boas leituras de Verão!