Impressões da Ilha Verde
Há um pé de lúcia-lima
e um melro de bico amarelo
tagarela e traquina.
Há o Chico e a Paquita
e a Carlota Joaquina.
Há muros de pedra escura
recortes de céu e mar,
há galinhas e filhotes.
Há uma família
a Joana toca violoncelo
a Chica é pianista
o Manuel baterista e
“tudo, de todas as maneiras”
como o Pessoa.
A Manuela e a Matilde
ausentes sempre presentes.
O filósofo, Pedro “papinhas”,
há filhotes e galinhas;
olhos de amora silvestre
e risos de framboesa
e muitos braços abertos
hortênsias, amores-perfeitos
lírios e rosas à mesa.
Há um pé de lúcia-lima
Há um longe azul
de amaro e mel.
Arlinda Mártires
Saudades
Das manhãs tão soalheiras
Do orvalho nos quintais
Do cheiro a terra molhada
Dos meus gatos nos beirais,
Da nostalgia dos campos
Do ócio, paz e lazer
Da vida a correr tão mansa
Das searas a nascer
Da minha casa branquinha
Do crepitar da lareira
Da laracha da vizinha
Dos amigos e amigas
Do café do Sô Dadinha
Do jantar feito nas brasas
Das lãs da minha mãezinha
Dos serões passados juntas
Daquele jeito tão seu
Que saudades, Deus meu.
Arlinda Mártires
(Sem título)
Do Sol e da Lua
da Água e do Ar
da Terra e do Mar
a importância é a tua.
O ar que respiro
A fonte onde bebo
O sol, meu enlevo,
A terra, meu silo,
És tu, meu amor,
meu Verão, meu campo d’oiro,
de papoilas e chupa – mel;
Meu canto de beija – flor,
riso de água em bebedouro.
Minha alegria de carrossel.
Arlinda Mártires